O que achei de O Espadachim de Carvão (Trilogia)
Sempre gostei de livros de fantasia. O nome do site é um bom exemplo disso. Mas sempre me concentrei em autores estrangeiros, já que seus textos, quando comecei a acompanhar, se baseiam em temas que eu via mais identificação. Foi assim com O Senhor dos Anéis, com as Crônicas de Gelo e Fogo e Do Matador do rei, Eragon ou Harry Potter.
Conheci o autor dos livros, Affonso Solano, em seu trabalho na internet. Antes mesmo de “visitar” Kurgala – nome do mundo que ele criou, acompanhava o seu trabalho no Matando Robôs Gigantes e no Jovem Nerd. E foi acompanhando desta forma que me deparei com a sua obra.
Solano criou uma mitologia complexa, baseando-se em temas como a mitologia Suméria e no horror lovecraftano. Há ainda diversas referências a temas que leitores assíduos de fantasia, e fãs da cultura pop em geral, podem identificar.
O Espadachim de Carvão conta a história de Adapak, um jovem inocente que possui a pele da cor negra como carvão. Acompanhamos sua história, que começa com a sua partida da ilha em que vivia e seguindo para explorar o mundo desconhecido.
Kurgala se divide em cinco continentes, sendo quatro principais, nomeados cada um de acordo com um dos quatro deuses anciões, e um quinto, que serve como prisão para os “inimigos” destes deuses. Estes continentes são povoados com diversas raças criadas especialmente pelo autor, diferente de tudo que o leitor está acostumado a ver por aí. Há criaturas que se parecem insetos, outros que se assemelham a grandes monstros peludos, alguns que poderiam se passar por pássaros, e até mesmo uma raça parasita. A única raça comum de se identificar são a dos humanos.
A forma como Solano traduz seu mundo para o leitor é bastante agradável. Uma leitura leve, sem entrar muito em detalhes de como são estas raças, ou até mesmo lugares, animais ou objetos. A descrição destes é feita com os olhos de um desconhecido, sem utilizar de modelos em nossa realidade. Assim, uma simples carroça e as partes que a compõe acabam possuindo outro nome, utilizando-se de elementos dentro desta mitologia própria para descrevê-la.
Outro artifício importante das histórias de Solano são as chamas relíquias Dingirï. Fragmentos de pedras preciosas que contém o que se pode chamar de magia, e são extraídos de colossais pilares que existem espalhados por toda Kurgala. Tais artefatos possuem várias funções e utilidades, a depender do conhecimento de quem os usa tem sobre eles.
Os livros de O Espadachim de Carvão permitem uma leitura leve e agradável, mas ainda assim carregadas de seriedade. Por mais que Solano não descreva momentos graves e exageradamente violentos, mantendo delicadeza na descrição das cenas, fica implícito que há violência neste mundo. As pessoas sofrem, há preconceito, xenofobia e racismo, lutas de classes e todo tipo de tema importante. E isso é significativo no mundo em que vivemos, já que estes problemas fazem parte da vida das pessoas. Por mais que não haja dureza na escrita, que não fale dos problemas tão abertamente, nós sentimos o peso das dificuldades cotidianas em que os personagens estão inseridos.
Até o momento, Affonso Solano escreveu três livros, com o último publicado em 2021. Cada um descreve as aventuras de Adapak pelo mundo, mas intercalando com histórias de outros importantes personagens e descrevendo as localidades com cuidado, mas sem exagerar nos detalhes. Muitas das coisas cabem à imaginação do leitor completar.
O primeiro livro, O Espadachim de Carvão, descreve as primeiras façanhas de Adapak no mundo, iniciando as descobertas sobre sua origem; o segundo livro O Esdachim de Carvão e as Pontes de Puzur, divide a narrativa em duas partes, contadas de forma paralela, sendo a primeira uma sequência de Adapak em busca da verdade sobre si, enquanto a segunda passa-se muitos anos antes, e se relaciona ao primeiro portador das espadas que Adapak carrega; por fim o terceiro, O Espadachim de Carvão e A Voz do Guardião Cego, que descreve a vida de Adapak em meio a um culto fanático religioso (consequências do segundo livro), intercalando com uma amiga em busca de seu paradeiro. São livros curtos, tendo entre 200 e 300 páginas cada um deles.
Além dos livros, está em desenvolvimento uma Metal Ópera baseada na mitologia criada por Affonso Solano, com letras produzidas por ele e a participação de musicistas conhecidos do mundo todo. Há também uma HQ baseada em contos que existem dentro dos livros.
Sou fã do Affonso Solano. Não só de seus livros, mas de seu trabalho. Particularmente time o prazer de conhecê-lo em um Meet and Greet na Brasil Game Show anos atrás. Foi um encontro rápido, mas toda a simpatia que o acompanha pelas telas estava ali também (e pude receber um autógrafo no meu livro). Espero ansiosamente retornar à Kurgala e conhece mais deste fascinante mundo.