O que achei de Licorice Pizza
Paul Thomas Anderson é um dos diretores que dificilmente erra quando faz um filme. É unanimidade entre os apaixonados por cinema. Suas obras são sempre coesas, com um texto bem desenvolvido, apresentando a vida de seus personagens de forma íntima, crua e até apaixonada. E com Licorice Pizza não é diferente.
Devo dizer que, para mim, não é o melhor filme deste diretor/roteirista. Mas isso não desmerece este trabalho, pelo contrário, só demonstra o valor que Anderson possui. Seu nível é alto, e cada filme que faz é uma grande expectativa.
Licorice é um filme leve, que apresenta um romance desacertado entre um adolescente “semi-famoso”, tentando se tornar homem para impressionar sua amada, uma mulher dez anos mais velha. Só que esta mulher, que deseja construir sua vida, luta contra esse amor que surge despretensiosamente. Alana (interpretada por Alana Haim) banca a superior por ser mais velha e mais experiente, mas acaba a todo momento voltando à Gary (Cooper Hoffman).
A verdade é que Alana não sabe o que fazer com a própria vida. Acaba direcionando sua atenção para diversas atividades, mas nunca se encaixando de verdade em nada. Já Gary, apesar de jovem, aparenta saber melhor o que deseja para sua vida, já que atua como ator desde cedo, e abre empresas com boa visão de mercado.
Por mais que nós, telespectadores, saibamos que Alana e Gary se completam, fica a expectativa de que os dois protagonistas entendam isso. E a direção de Anderson é muito boa nesse sentido, deixando-nos com aquela ansiedade de vê-los juntos, dos detalhes desde um ciúme nas trocas de olhares, quanto no alívio de um abraço demorado.
E foi preciso todo este tempo para que pudessem entender que precisam um do outro.
Licorice Pizza é um filme “Paulthomasandersoniano” bem diferente do que estamos acostumados a ver. Aquele perfil quase psicótico de seus personagens dá lugar à ansiedade ao primeiro amor e ao cuidado. é bastante comum, em filmes do diretor/roteirista, sentir uma estranheza no que presenciamos, mas aqui, podemos sentir identificação instantânea, sobretudo quando atento aos detalhes.
Mas sim, a presença do diretor não passa despercebida. Desde os planos longos até as atuações corporais (os olhares e sorrisos de Alana…), tudo ali tem o dedo de Anderson. Podemos ver sua paixão em descrever mais uma história, ainda mais quando, agora, há um toque mais hollywoodiano, seu habitat natural.